21 janeiro, 2009

LENDA DO TAJÁ

Na passagem São Silvestre, no bairro da Cremação, há muitos anos, residia uma senhora conhecida como tia Nair, cujo hábito era colecionar as várias espécies de tajás. Em frente à sua casa, existia um belo exemplar de tajá Rio Negro, exposto em um vaso de barro, pintado de azul e colocado quase junto à porta de entrada principal da casa. Se alguém se aproximasse muito do vaso, ela falava:
__ Cuidado, saia daí! Não mexa no meu tajá. Que ele é “curado”!
Certo dia, a turma de Walter reuniu-se em frente à mercearia na esquina para o costumeiro bate-papo e ocorreu uma aposta:
__ É o seguinte, Bolota: eu e o Tonhão apostamos que não és capaz de ir à casa da tia Nair e trazer o vaso que ela tem na porta da casa, aquele que tem o tajá Rio Negro.
__ E eu, o que ganho com isto?
__ Cada um dá um real, certo, turma?
Os rapazes responderam que sim, imaginado Bolota sair correndo com umas vassouradas nas costas, dadas pela tia Nair.
Bolota imediatamente levantou-se e dirigiu-se para a Passagem, que estava iluminada precariamente pelos raios da lua, parcialmente encoberta por nuvens. O rapaz desapareceu em direção à casa de tia Nair. De repente, a conversa parou, e o silêncio tornou-se pesado.
E daí a minutos, os gritos apavorados de Bolota:
__ Socorro! Socorro!
Os rapazes, vendo que seus gritos não podiam ser de medo de tia Nair, levantaram-se. Mas, antes que acorressem em seu auxílio, chega Bolota, cansado da pequena carreira, suando frio e dizendo:
__ Um homem! Um homem apavorante! Venham, vamos lá.
Todos reunidos foram ao local, pensando tratar-se de um ladrão. Um dos rapazes, que portava uma lanterna, focou-a na direção da casa da tia Nair. A luz bateu em cheio no tajá Rio Negro. Mas nada viram de anormal.
Mas Bolota exclamava:
__ Não é possível! Ele estava aqui, agora mesmo.
E contou que, ao aproximar-se da casa de tia Nair, quando ia segurar o vaso, viu-se frente a frente com um gigantesco caboclo de olhos flamejantes. Os rapazes olharam com certo receio, enquanto Bolota, tremendo dizia:
__ Mas ela estava aqui ainda agora! Não podia ter sumido.
A turma se desfez, cada um voltou para sua casa e nunca mais se aproximaram do vaso da tia Nair.

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